Bloqueio do aplicativo Whatsapp nos dá indícios preocupantes da nossa dependência virtual e vulnerabilidade política tecnológica Ne...

Pouco mais de 24 horas “calados” e desnorteados.

Por | 17:08:00 Deixe um comentário
Bloqueio do aplicativo Whatsapp nos dá indícios preocupantes da nossa dependência virtual e vulnerabilidade política tecnológica



Nessa segunda feira (2) chegou uma notícia aos usuários do Whatsapp de que o aplicativo seria bloqueado por 72 horas, o comunicado deu a impressão de um começo de pandemônio, de forma exagerada, que talvez só não tenha ocorrido por existirem outras ferramentas, como o seu dono Facebook, e pelo fato de não ter sido cumprido nem metade do que foi imposto.

A decisão do bloqueio foi ordenada pela justiça do Sergipe (SE) que entendeu uma falta de cumprimento do Facebook com a lei do Brasil, já que foi pedido o compartilhamento de informações que subsidiariam uma investigação criminal. O Juiz Marcel Maia Montalvão, da vara criminal de Lagarto, ordenou que as maiores operadoras do país bloqueassem o aplicativo com a consequência de multa diária de 500 mil reais caso esse pedido fosse visualizado e não respondido.

Toda essa situação levantou a esse editor alguns pontos preocupantes, e o primeiro a ser tratado é o social. Estamos tão dependentes da internet e do aplicativo em questão, que a medida fez algumas pessoas quase entrarem em circuito. Eu mesmo presenciei uma cena bisonha onde uma mulher pedia para sua amiga respondê-la no aplicativo assim que ele voltasse a funcionar, sendo que as duas estavam uma do lado da outra no ônibus.

Confesso que até eu fiquei meio perdido e acredito ser normal que a ausência da maior ferramenta de comunicação da atualidade crie uma sensação de desnorteamento social, porém, chegar ao ponto basicamente de se calar chega a ser doentio.

Vamos ao que nos interessa que é a política por traz dessa situação. Quando você manda uma mensagem pela primeira vez a algum contato, aparece esse comunicado “As mensagens que você enviar para esta conversa e ligações agora são PROTEGIDAS com criptografia de ponta-a-ponta, o que significa que elas NÃO podem ser lidas pelo WhatsApp ou por terceiros.”.

Dificilmente as pessoas clicaram em “saber mais” nesse comunicado, lá está escrito que “Muitos aplicativos criptografam mensagens entre você e eles próprios, já a criptografia de ponta-a-ponta do WhatsApp assegura que somente VOCE e a PESSOA com qual você está se comunicando podem ler o que é enviado e NINGUEM mais, nem mesmo o WhatsApp.”.


Que as empresas devem se adaptar as leis do nosso país, sejam elas de qualquer parte do mundo, eu nem entro no mérito. O questionamento que faço é até que ponto os nossos políticos estão preparados para lidar com o meio virtual? Ou melhor, até que ponto eles querem lidar com essa mídia? Porque essa posição do Juiz de Sergipe mostra-me certa falta de preparo legislativo, visto que segundo ele, a medida cautelar foi baseada no Marco Civil da internet.

Me vem à mente também a fragilidade do sindicado das operadoras (Sinditelebrasil), que nem juntando forças conseguiu lutar contra a imposição. Às vezes a democracia funciona no país, estamos acompanhando o processo de Impeachment da presidenta Dilma, já em outras situações a escolha da maioria se torna a ditadura de quem tem a maior patente, que foi o acontecimento nessa situação. Vivo, Claro, Tim, Oi e Nextel não concordaram com a medida tomada, mas foram obrigadas a acatar por causa da multa estipulada, isso é democracia?

A atitude que foi tomada só deixou evidente como nosso país está despreparado com o serviço secreto de inteligência, não daquelas que os Estados Unidos fazem em celeiro mundial, mas sim dentro do próprio país que é, sem dúvida, a melhor saída na resolução do que pediram ao WhatsApp. Em pleno século XXI, o Brasil não pode depender de empresas multinacionais e simplesmente querer que elas se adaptem as nossas leis, ainda mais quando essas leis não são revisadas na mesma velocidade que a internet evolui.

Empresas também tem suas leis de privacidade e todos precisam entram em um consenso, eu mesmo me sinto muito mais seguro com a posição de privacidade do WhatsApp, não que eu deva algo a alguém ou porque gosto de receber os famosos “nudes”, simplesmente por achar que o que eu converso não é de importância da empresa, eu só usufruo do seu serviço. Sou a favor do estado ter o controle sobre a comunicação, até da presidenta, para um controle de situações como essa que foi usada como motivo para bloquear o aplicativo.

Como já diz o ditado “Não a nada que esteja ruim que não possa piorar” acredito que não tenha frase que esteja servindo mais no momento político atual brasileiro. Logo após o desbloqueio do aplicativo, começou uma briga de interesses, na minha visão, quando a ministra Nancy Andrighi determinou a abertura de reclamação disciplinar contra o Juiz Marcel Maia por “abuso de poder”.

A população ficou indignada com a medida, com toda razão, diga-se de passagem, mas denominar como abuso de poder já vejo um pouco de exagero e uma forma de mostrar ao povo que alguns políticos estão se movimentando contra o assunto, mesmo que seja só para não deixar a pequena faísca se apagar. O que aconteceu não foi abuso de poder e sim falta de preparo do estado e da justiça.

O Facebook se posicionou de forma correta ao meu ver e ascendeu um sinal de alerta a política digital do nosso país. O despreparo pode custar a nós, população, nossa liberdade de expressão virtual, que em muitas vezes é exagerada e usada para crimes, mas que não pode simplesmente ser banida. O problema em si não é só ambas as leis, e sim a base de qualquer estrutura social, a educação. A internet precisa ser usada tanto para a comunicação quanto pelo governo, quando essa comunicação se torna perigosa pro estado. Nós só não podemos deixar que limitem nossa comunicação a 140 caracteres.

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