A constituição afirma o estado laico, mas na prática é quase tudo em nome de Deus Cartoon por Carlos Latuff É difícil ser apa...

Afinal, o Brasil é ou não é laico?

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A constituição afirma o estado laico, mas na prática é quase tudo em nome de Deus

Cartoon por Carlos Latuff


É difícil ser apartidário numa época como essa, ou você é “coxinha” ou você é “petralha”. É difícil pensar no "quero o melhor para o meu país", sendo que o meu melhor pode ser extremamente diferente do seu.  

Essa divisão na política, esse “oito ou oitenta” acabou criando uma espécie de batalha entre os dois lados. De um lado, levanta-se uma bandeira colorida que defende o amor e os direitos humanos, do outro, levanta-se uma cruz a favor  da família e ao amor divino. 

Mas espera aí, o Brasil não é um país laico? Ou seja, uma posição neutra no campo religioso, tendo como princípio a imparcialidade nesses assuntos, o que nos dá a entender que, nenhuma doutrina religiosa pode ter influência na Constituição. Além disso, como pode um Estado que se diz laico privilegiar templos de qualquer culto com isenção de impostos? Que motivo levaria um Estado laico a beneficiar entidades religiosas que não assiste a uma população como um todo?  

As sociedades religiosas não pagam impostos e recebem subsídios financeiros para suas instituições de ensino e assistência social, e muitas delas exercem pressão sobre o Congresso, dificultando a promulgação de leis no que diz respeito à pesquisa científica, aos direitos sexuais e reprodutivos, da união homoafetiva, principalmente. 

Bom, se você assistiu o processo jurídico do impeachment, no último domingo, um número grande de políticos usaram seus votos para homenagear a Deus e a sua própria família, um horror pensar que políticos que nos representam param pra pensar primeiro em suas próprias ideologias religiosas, e em segundo, na sua própria família, e em terceiro ou quarto, talvez quinto, na população brasileira como um todo. 

Os direitos humanos que o outro lado, “colorido”, insiste em colocar em pauta, asseguram direitos e liberdades básicas de todos os seres humanos. Seu conceito também está ligado com a ideia de liberdade de pensamento, de expressão, e a igualdade perante a lei. No entanto, no país, como já citado, há uma forte atuação de certos grupos religiosos inserindo em suas propostas políticas, reflexões que variam entre sexualidade, convenções sociais e culturais, que regulam as condutas do indivíduo, tentando empurrar suas doutrinas no que diz respeito à liberdade e direitos igualitários.

 A questão é a seguinte, as igrejas podem até manifestar indignação, mas jamais podem decidir algo, a resolução é totalmente do Estado, que da mesma forma que garante o direito de culto, garante, ou pelo menos deveria, a indiferença religiosa, uma vez que as leis nascem no Congresso Nacional, já que deputados e senadores trabalham na elaboração e aprovação de cada lei que norteia os direitos dos cidadãos. A bancada fundamentalista de evangélicos e católicos do Congresso Nacional está atuando de forma indiscriminada, criando ações, como projetos de lei, que colocam em risco a laicidade do Estado brasileiro. 

Atualmente, o movimento evangélico no Brasil cresceu deliberadamente, construindo uma bancada que segue essa doutrina, o que comprometeu as boas relações de convivência entre os mais diversos segmentos religiosos do país, e resultou em agressões e ataques deste ou daquele grupo, desencadeando uma onda de intolerância e rivalidade totalmente desnecessária. Será mesmo que é desse jeito que o Brasil terá um futuro melhor?
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